Tuesday, February 06, 2007

:::Ele:::::::Tu:::::::::::::Ela::::::::::::::Eu:::::::::::????

Sopra para lá

Vai
Sopra mais um tempinho
Leva o que te dei
Leva sem demora
O tempo está a chamar-te

Ela está lá, seu sei, ela está
Sei que ela vai lá estar
Por quanto não sei, mas vai
Não te demores a levá-lo
Ele não seca, eu sei
Mas ele é desejo
Ele é ternura
Ele é carinho
Ele é devoção

Vai, vai… por favor
Não a faças mais esperar…
Sempre que te chamo tu vens
Sempre que te digo alguma coisa, tu memorizas…
Por isso faz o que te digo
Ela? Mas queres saber quem ela é?
Acho que não te posso responder,
Não tenho resposta nas minhas mãos
O meu coração desconhece-a, mas gosta dela
Falando com ele diz-me que é astro
Diz-me que é lua em nevoeiro
Mas chama em calor…
Não te consigo dizer…
Não te consigo falar dela sem pensar nela
Mas vai, já te respondi…
Leva-o, leva-o
Às vezes, ou sempre, ela existe
Ela passa por tudo o que existe
Até a Ti já te fez abanar…
Não acreditas?

Vai até lá …
Não é uma pessoa, pessoa…
É bicho, é gente, é multidão…
É faca, é garfo, é prato… é tudo
Só basta imaginares que ela é
Já chega de me julgares por estas palavras leves…
Já te pedi…
Não quero mostrar o seu segredo… ela é a chave
Jamais te quero abrir o livro que não quero fechar…
É arvoredo doce, é pinheiro com resina…
O cheiro, desculpa, mas quero lembrar-me…
Espera… espera…
Já sei… é jasmim, ou canela, ou floral, ou tulipa…
É vida… já sei… é vida…
Mas agora vai…
Já fui
E?
Era ela, eu senti-a
Era ela…
Sinto-me… sinto-me pela primeira vez
Mas continuo leve…
Continuo livre…
É estranho…
Já fui, já fui…
Toquei-lhe…
Arrepiou-me… tornei-me vendaval…
Ela não notou… o seu corpo não tomou pele…
Como se chama..? como se chama…?
Como te hei-de dizer se não tem nome!
Vamos lhe dar o nome, os dois?
Vamos a baptizar com as nossas emoções? Com as nossas lágrimas?

Não! Sei! eu sei também…
Dar-lhe um nome é prendê-la ao seu nome…
Prendê-la ao destino da sua identidade, por nós tatuada…

A. (06-02-2007)

Obrigada

Monday, February 05, 2007

::::::::BEIJO-TE::::::::::::::::::::::::::::


...E foi então que apareceu a raposa: - Bom dia, disse a raposa. - Bom dia, respondeu polidamente o principezinho, que se voltou, mas não viu nada. - Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira... - Quem és tu? perguntou o principezinho. Tu és bem bonita... - Sou uma raposa, disse a raposa. - Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste... - Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda. - Ah! desculpa, disse o principezinho. - Que quer dizer "cativar"? - É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços..." - Criar laços? - Exactamente, disse a raposa. Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo... Se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo... A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe: - Por favor... cativa-me! disse ela. - Bem quisera, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer. - A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer alguma coisa. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me! ...


Antoine de Saint Exuperry